O Conceito de “Devir” na Filosofia Contemporânea

A filosofia contemporânea oferece uma rica gama de conceitos que desafiam nossa forma de entender o mundo. Um dos mais intrigantes é o conceito de “devir”. Popularizado por filósofos como Gilles Deleuze e Félix Guattari, esse conceito aborda a ideia de transformação contínua, uma mudança que nunca é definitiva e está sempre em processo. Neste artigo, vamos explorar o seu significado e como ele se aplica à filosofia contemporânea.

Conceito

O “devir” é, essencialmente, a noção de que a realidade está em constante transformação. Ao contrário de ver as coisas como estáticas ou imutáveis, ele propõe que tudo está sempre em fluxo. Para Deleuze e Guattari, o “devir” não é apenas uma mudança linear ou previsível, mas um movimento criativo, cheio de possibilidades inesperadas. Essa ideia quebra a concepção tradicional de identidade fixa, sugerindo que a essência das coisas se define através de sua mudança constante.

De acordo com esses filósofos, o “devir” pode ser compreendido como a constante potencialidade de algo se tornar outra coisa. Em vez de uma mudança gradual e linear, ele representa o nascimento de novas formas de ser, existindo no interstício entre o já e o ainda não. Dessa forma, ele enfatiza a possibilidade ilimitada de transformação.

A Superação das Identidades Fixas

Uma das implicações mais profundas do conceito de devir é a ideia de que as identidades não são fixas. Deleuze e Guattari argumentam que, ao adotá-lo, rompemos com a rigidez das identidades sociais e culturais estabelecidas. Isso nos permite imaginar possibilidades de existência além dos limites impostos pela sociedade, como gênero, classe e até mesmo a ideia de um “eu” imutável.

Por exemplo, o “devir-animal”, uma das explorações feitas por Deleuze e Guattari, sugere que seres humanos podem, metaforicamente, “se tornar” outros animais. Não se trata de uma transformação literal, mas de uma forma de desafiar a rigidez da nossa identidade humana. Este “devir” nos permite pensar fora das convenções e abraçar a multiplicidade da experiência.

O “Devir” na Filosofia e na Arte

O conceito de “devir” também tem forte conexão com a arte e a estética. No contexto artístico, o devir sugere que as obras não são fixas ou definidas; elas também estão em constante transformação. A arte contemporânea, muitas vezes, busca capturar esse fluxo de transformações e a multiplicidade de significados que surgem durante o processo criativo.

Essa abordagem filosófica desafia a ideia de que as obras de arte têm um único significado fixo. Em vez disso, a arte se torna uma plataforma de experimentação e devir, onde o espectador e o criador estão envolvidos em um processo constante de transformação mútua.

“Devir” e a Política Contemporânea

A aplicação do “devir” na política é igualmente provocadora. A filosofia de Deleuze e Guattari sugere que as estruturas de poder também estão em constante transformação. Isso significa que a política, como a sociedade, não deve ser vista como uma estrutura estática, mas como um campo aberto a possibilidades. Assim, o devir pode ser uma metáfora para a transformação social e política.

Na política contemporânea, o conceito de “devir” pode ser usado para imaginar novas formas de organização social, desafiando as normas e hierarquias existentes. Isso não significa uma revolução violenta, mas sim uma transformação gradual das formas de poder e governança.

Aplicações do “Devir” no Cotidiano

Embora o conceito de devir seja filosófico e abstrato, ele também pode ser aplicado à vida cotidiana. Ao adotar o “devir”, podemos começar a ver nossas vidas não como algo fixo, mas como um processo de crescimento e mudança constantes. Isso pode nos ajudar a lidar com os desafios da vida de maneira mais flexível e aberta, aceitando que não há uma “verdade” absoluta, mas sim múltiplas formas de ser e viver.

Esse entendimento também pode ser útil para o autodesenvolvimento. Ao perceber que somos seres em constante transformação, podemos estar mais dispostos a experimentar novas formas de pensar, agir e até mesmo de nos relacionar com os outros.

Como o “Devir” Pode Transformar Nossa Visão do Mundo?

O conceito de “devir” desafia a visão tradicional e rígida da realidade. Ele nos ensina que as mudanças são parte da essência das coisas e que o potencial para novas formas de ser está sempre presente. Ao aplicar o “devir” em nossas vidas, podemos adotar uma postura mais aberta e criativa, aceitando as mudanças como uma oportunidade para crescimento, em vez de vê-las como uma ameaça.

Adotar o ‘devir’ também significa questionar e romper com as convenções estabelecidas. Em vez de nos conformarmos com o que nos dão, começamos a imaginar e criar novas possibilidades, seja em nossas relações pessoais, no trabalho ou na sociedade em geral.

Conclusão

O conceito de “devir” na filosofia contemporânea nos convida a repensar a mudança e a identidade. Ele nos ajuda a entender que a transformação é uma parte essencial da vida e da realidade, e nos inspira a viver de forma mais criativa e aberta ao novo. Ao quebrar as barreiras das identidades fixas e explorar a constante possibilidade de se tornar algo novo, podemos abrir novos horizontes tanto para a filosofia quanto para a vida cotidiana.

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